Logo começam as aulas na UFRR e já comprei meu caderno. Não que eu vá anotar cada pio do professor em sala - o que nunca fui habituado a fazer. Mas ter anotações relevantes a diversos assuntos é algo a ser cogitado.
"Sovaco ilustrado" foi o primeiro apelido dado ao Lúcio Flávio Pinto (continuem a guardar esse nome) na redação do diário A Província do Pará, em 1966, por andar pra cima e pra baixo fazendo anotações em seu caderno, o que não era comum aos jornalistas daqueles tempos. Apelido logo mudado para Toynbee, depois do seu primeiro furo de reportagem, ainda em 66: uma entrevista exclusiva com o inglês Arnold Toynbee, até então o maior historiador na época.
Coincidência ou não, Lúcio Flávio hoje é ícone quando se fala de jornalismo independente. Talvez pelo talento nato, talvez pelo conhecimento amplo e diverso, talvez pelos caderninhos que coleciona há mais de quarenta anos.
Anotar por anotar qualquer um anota. Anotar pra arquivar, relembrar e fazer uso da "informação de ontem" na formação da "informação de amanhã" são outros quinhentos.
Não tenho um décimo da capacidade do dito cujo. Mas nem por isso vou ser um péssimo jornalista, como muitos dos nossos conterrâneos auto-intitulados comunicadores.
Dias atrás presenciei um furo de reportagem dos menos esperados: um prédio antigo desabara, numa esquina muito movimentada de Belém. Pensei dois segundos e, com a câmera na mão, achei melhor guardar a imagem na memória - da minha cabeça, não da máquina.
Minutos depois chegava ao local uma equipe do jornal O Liberal.
Aí meus caroços de tucumã gritaram em uníssono: eu não nasci pro jornalismo!
Bem que eu podia ter, ao menos, dado entrevista como testemunha ocular, mas nem isso! Nem isso. Agora tanto faz. Não fotografei. Apenas olhei. E só olhar, nesse mundo canibal que é a comunicação, vale menos que dois dedos de cachaça.
Anoto agora que comprei meu caderno azul. Como anotarei tantas outras informações hoje julgadas inúteis, mas que talvez contribuam como fonte de consulta para a informação de amanhã. Seja no Diário do Sacolejo ou na Gazeta do Truarú.
Como não tenho memória de elefante - estuprando Fernando Pessoa - anotar é preciso!
Post scriptum:
I- Editor fracassado procura pessoas alfabetizadas, de ambos os sexos, entre 12 e 120 anos, com disponibilidade de raciocínio, reflexão e opinião sobre cultura, política, jornalismo, televisão, publicidade, cinema, esporte, culinária, horóscopo ou qualquer outro assunto inútil, interessados em contribuir com zine de veiculação local e quinzenal. Aos que acreditam na utópica liberdade de expressão, contactar o endereço virtual csantos@rediffmail.com
II- Interessados em contribuir financeiramente com a cópia dos originais serão igualmente agradecidos.
9 comentários:
Engraçado, quando eu trabalhei (a unica e ultima vez na vida, enquanto se tratar de jornalismo), me foi recomendado a estar sempre se anteninhas ligadas para um possível furo.
Imagino-me no motel, quando escuto um tiro. Eu sairia da cama do bofe pra fazer anotações? ^^
A academia não forma um jornalista, o que forma é a fome, é a necessidade de receber míseros 700 paus na Folha de BV pra apagar o aluguel. E forma um péssimo jornalista. Então guarda teu caderno, garanto que vc não precisar muito meu querido.
ps: grita esse anuncio na tua turma, calouros sempre topam tudo.
Pra pagar o aluguel.
e não apagar.
A academia forma burros, olha eu.
Me desculpa, Bruna. Tu sabes que eu te amo, mas até pra pessimismo há limites.
Continua na cama com teu bofe, ganhando 700 paus da Folha de BV, se esse for teu compromisso. O meu, de certo, não é.
Entro no jornalismo não pela profissão em sí. Nem pela academia. Muito menos pelo dinheiro (senão seria deputado). Mas pela essência do jornalista. Pela responsabilidade de informar e formar. Mais ainda por me inquietar com o que acontece ao meu redor.
Jornalistas com essa tua atitude não me fazem brilhar os olhos, infelizmente.
"O MEU PATRÃO É A OPINIÃO PÚBLICA. O RESTO É DONO DE QUITANDA." (L.F.P.)
Tá certo Cris, respeito sua opinião em relação a minha, e continuo te amando.
Daqui há 2 anos veremos se ela continua a mesma.
:*
uuuuuuuuuuuuuuuuuiiiiiiiiiiiiii, senti uma clima ruim entre dois jornalistas.
Onde vai ser o ringue que eu posso ver vcs de biquine, bezuntados no óleo, e brigando que nem mulherzinha?
Posso levar minha máquina?
Posso botar no youtoba depois?
Tá, parei com a viagem.
EU TOPO, EU TOPO!
DEIXA EU DIAGRAMAR, DEIXA?
DEIXA EU SER A DIZAINER, DEIXA?
DEIXA, DEIXA, DEIXA?
Eu tô sem internet agora, mas depois do dia 15 eu vou ter uma posição da Net. (é que eu mudei pra um apartamento, to morando completamente sozinha agora, mais do que isso, to solitária. Vem me visitar, Beth!)
Mas olho meu gmail do trabalho, da faculdade, da casa do papai, de onde posso.
acho que vou pra casa dele esse fim de semana, acho que lá a gente pode conversar sobre isso.
Se não, email-me:
luciana.lobatob@gmail.com
cheiro, frokito.
Post Comentarium:
Um dia eu ainda posto aqui.
Não liguem pra Bruna, ela tem problemas emocionais.
Dirão.
:D
Ops, problemas estomacais, eu quis dizer.
eu vou ali dar um tiro na cabeça.
depois eu volto.
to boa pra discutir isso no momento, não...
virou moda?!
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