Pudemos acompanhar há algumas semanas a greve dos professores em Roraima.
Minha família é formada basicamente por professores e minha tia, pedagoga, saía de manhã cedo para ir à praça do Centro Cívico militar pela causa.
Ela dizia:
- Imagina se eu vou aceitar calada que um Engenheiro Civil receba 75% de aumento e nós, professores temos que nos contentar com 10%!
Até aí tudo bem. Até concordei com ela, pois diziam que esses 75% para os engenheiros era coisa do nosso governador, por ele ser engenheio civil e já visar o futuro fora do cargo político.
Dia desses, ao passar pela frente da Assembléia Legislativa, avisto a multidão de grevistas da educação, com seu trio elétrico e vez em quando um empolgado pegava o microfone para falar frases de efeito e motivação para os companheiros.
Um deles, como num comício, berra indignado:
- Porque nós somos os RESPONSÁVIO pela educação desse Estado!
Cheguei em casa e falei para a minha mãe, que também trabalha com educação, da pérola que eu tinha acabado de ouvir.
E ela, com uma cara de "me conta uma novidade" me responde na maior calma.
- Normal. Muitos professores estão ali mas só querem vida boa e nem se preocupam com o trabalho que estão fazendo. Te garanto que enquanto fui professora fiz o que pude, fiz o meu papel: estudei, me especializei, LEVEI meu material para a sala de aula pra não usar a falta de giz como desculpa esfarrapada para não dar aula. Eles reivindicam salário e falta de condição de trabalho, mas para mim, melhor condição seriam salas de aula com no máximo 20 alunos, pois enquanto tiver 40 alunos numa classe, parte desses alunos vão se formar e virar esse tipo de professor do microfone.
Eita!
3 comentários:
E eu concordo com sua mãe.
Pois quem já passou por um São José, sabe como é.
Lembro-me bem da "professora" Arilda, irmã de um ex vereador furreca aqui de BV, que insistiu, e resistiu aos nossos apelos, muleques de 6ª série que o termo certo era "PesquiZa". e a vaca ainda me deu nota vermelha no primeiro bimestre.
:@
eita!
tô com a tua mãe! o que mais se vê é professor sem a menor vontade de lecionar, que o faz de qualquer jeito, quando não querendo se livrar dos alunos.
não que nas outras profissões isos não aconteça, mas se falta valorização da classe a própria classe deveria se valorizar antes.
assim penso.
AY!
professor de microfone, professor de cursinho, professores.
É classe vasta, apararentemente unida e certamente desfalcada. Quando digo isso, olho para trás e vejo que meu ensino médio foi não dos melhores, até hoje não faço idéia de como se calcula a velocidade média de um trem bala a não sei quantos Km/hm! A primeira vez em que pude constatar a eficácia dos meus mestres foi durante o ENEM, a cada questão lembrava das aulas, porém muitas das mesmas ficaram em branco. Certamente o ensino precisa melhorar, mas como se quem o faz não evolui? Professores devem enxergar os alunos como respostas para os problemas futuros deste país e não porquinhos-moedas sentados em fila.
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