Depois de uns cinco anos sem ler a revista Capricho (dedicada ao público adolescente feminino, a titulo de informação adicional), a espera pra ser atendida no Salão de Beleza, numa manhã de ensolarada de sábado me deu esta oportunidade. Da mesma forma que as mulheres da minha faixa etária (19, 20, 21) a revista Capricho marcou a minha adolescência... Não só ela, como as saudosas Querida, Meu Amor, Atrevida, Carícia, Todateen, entre outras que estão perdidas em algum lugar da minha memória.
Há 10 anos, a Capricho passou por uma mudança editorial... Eu lembro disso porque na época minha irmã mais velha tinha 22 anos e era leitora da revista. E a publicação era voltada para este público: mulheres, jovens, que ainda não se auto-afirmaram na vida profissional e pessoal, que procuram uma identidade, geralmente universitárias, alcançando a maturidade de uma mulher adulta. A revista tinha personalidade, sabe? Vai ver é por isso que foi tão difícil continuar com esse projeto editorial.
No sábado, ao folheá-la, percebi o quanto os meios de comunicação se adaptam com o tempo em que vivemos, e realmente eu não sei até que ponto isto é saudável. O que eu encontrei na revista foram gírias muito usadas no universo da internet, palavras cortadas ao meio, palavras erradas, expressões vulgares e os mesmos textos de sempre (“Primeira vez: você está pronta?”)... Estes últimos não poderiam faltar, concordo.
E o que mais me assustou foi uma matéria que tinha como tema os “mitos em relação ao tamanho do pênis”. Com comentários de garotas de 15 anos, que testemunhavam ter experimentado sexo com homens de pênis de variados tamanhos, e que “tamanho não é documento”. Epa! No meu tempo esse assunto só era lido na NOVA, escondido da mãe e olhe lá. Talvez eu seja mesmo muito careta e antiquada pra aceitar essas mudanças em torno da liberação sexual! Ou talvez, tenha sido de fato um exagero abordar este tema.
A revista tem uma editoria voltada pra blogs, o que eu achei interessantíssimo. Os blogs só tendem a se desenvolver, e seria excelente que essa geração Lan House, colocasse a mão na massa e exercitasse a escrita. Mas sem agressões a língua portuguesa, por favor.
Quando imagino algo voltado para a juventude, infelizmente associo a futilidade, à falta de senso crítico, de substância, de profundidade. Imagino que seja muito fácil construir uma revista mensal, para um público ainda sem a personalidade formada e precisando de subsídios para construí-la. Por isso, o desmazelo. E eles vendem, vão continuar vendendo, enquanto a juventude a cada ano se transforma em produto da industria cultural, consumido tudo que lhes é oferecido, sem reflexões, sem espírito crítico... E eles vão ler a Capricho pelo mesmo motivo que eu a li no salão de beleza! Por que é a Capricho e pronto! É o nome que importa, compramos a marca e não o produto.