quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Mais uma tragédia anunciada

Para muitos, a semana que continua é apenas mais uma após um feriadão, de volta ao trabalho e à rotina familiar. Mas para duas famílias roraimenses, essa rotina não será mais a mesma, nunca mais. Elas choram. Choram a perda de entes queridos. Vítimas do trânsito, cujas leis, só se aplicam a alguns.

Para a maioria, suas perdas são apenas motivo de um comentário. Para outros, uma estatística. Mas o grave acidente de trânsito ocorrido na Avenida Ville Roy no último sábado revela mais que uma triste realidade vivida pelos boa-vistenses.

Já não são surpresas para nós, as estúpidas tragédias que vêm ocorrendo em nosso trânsito nos últimos anos. Na realidade elas apenas corroboram uma realidade há muito existente e que alguns fingem não perceber.

Essa realidade se reflete na ineficiência de quem deveria garantir a segurança do trânsito de nossa capital. De quem verdadeiramente deveria fiscalizar e coibir abusos como os que culminaram com a tragédia anunciada de sábado.

Anunciada, não porque uma das vítimas tentou alertar as autoridades sobre o excesso de velocidade de alguns veículos naquela noite, mas porque esse cenário se repete noite após noite, sem que ninguém faça nada a respeito.

Falta vontade. Falta interesse. Se um pai de família que ‘rala’ para pagar a parcela de financiamento de uma motocicleta popular é multado sem dó nem piedade por estacionar em local proibido ou por estar com documentação irregular, porque os abastados ‘pilotos’ de motocicletas de alta cilindrada não são fiscalizados?

Em sua defesa, as autoridades afirmam ser ‘difícil’ fiscalizar o pessoal que participa dos rachas (ou como alguns preferem, apenas trafegam em alta velocidade), porque quando chegam ao local, os mesmos fogem. E para quê existem testemunhas? E placas dos referidos veículos? Aqui todo mundo conhece todo mundo. Todos sabem quem são as pessoas que fazem parte dessa prática ilícita. Basta vontade de se investigar.

Será que estacionar em local proibido ou deixar de pagar IPVA é mais perigoso que pilotar acima da velocidade permitida? Esse cenário traz à tona outra realidade: a indústria da multa que está tomando conta da cidade.

E nessa hora, eu lhes pergunto: para onde vão os recursos arrecadados com multas e impostos? Certamente não para a melhoria da segurança de nosso trânsito. Cadê esse dinheiro?

As largas avenidas de Boa Vista são um verdadeiro convite para aqueles que se julgam acima do bem e do mal, que com suas máquinas possantes, acreditam ser seus únicos donos, arriscando suas vidas e as vidas dos outros. Eles também devem ser cobrados e responsabilizados.

O dinheiro das multas deveria se transformar em melhorias para a nossa segurança nas ruas: redutores eletrônicos de velocidade, mais semáforos, entre outros. Não é o que vemos e as multas não param. Experimenta parar seu veículo em local proibido!

Será que o acidente de sábado teria acontecido, se na Avenida Ville Roy houvessem radares eletrônicos? E se houvesse uma política de fiscalização efetiva? E se o nosso dinheiro fosse realmente aplicado onde deveria ser?

O que esperamos é que essa tragédia não seja apenas mais um episódio chocante da triste história do trânsito roraimense, pronto a ser esquecido diante do próximo final de semana de festas e se torne apenas mais um número nas estatísticas.

A sociedade precisa cobrar de quem nos representa, de quem é pago por nós e pensa que não nos deve nada. São eles quem precisam agora, dar uma resposta rápida e eficiente, que nos proporcione mais segurança em nossas ruas e avenidas. Ou vamos esperar a próxima tragédia ser anunciada?

2 comentários:

Unknown disse...

:( É uma falta de eficientes políticos...

pimentel disse...

quantas autoridades e pessoas da alta sociedade precisam morrer para que alguma coisa seja feita?

por que, até agora, morte de pobre no trânsito não fez diferença...